Os direitos constitucionais à Liberdade de Fé e Livre Exercício de Culto são efetivos quando a fé possui raiz negra? Talvez o fato do maior acervo de arte sacra afrorreligiosa desse país ter pertencido ao museu da polícia civil do Rio de Janeiro até o presente, nos diga algo a respeito.
Terreiros queimados, filhos de santo agredidos, sacerdotes desrespeitados, projetos de lei que visam criminalizar práticas de culto, autoridades judiciais arraigadas a um modelo exclusivo (e judaico-cristão) de fé, compõem um ciclo de perseguição atualmente protagonizado pelos discursos de ódio promovidos e incentivados por parcela significativa das confissões evangélicas do Brasil.
Ser filho de Orixá numa sociedade que colocou em prática políticas de branqueamento físico e cultural, é do que trata o espírito dessa obra, em que a autora Priscila Cantuária examina duas realidades bem brasileiras: o racismo e a violência contra as religiões de matriz africana. Séculos de colonização, de escravização e de formulação de políticas públicas eugenistas, fundamentados de Aristóteles a Nina Rodrigues, são colocados diante de nós pelo texto da autora, que nos ajuda a compreender quem realmente somos enquanto nação e de que forma quem somos afeta violentamente a experiência religiosa dos povos tradicionais de terreiro do Brasil.
Os direitos constitucionais à Liberdade de Fé e Livre Exercício de Culto são efetivos quando a fé possui raiz negra? Talvez o fato do maior acervo de arte sacra afrorreligiosa desse país ter pertencido ao museu da polícia civil do Rio de Janeiro até o presente, nos diga algo a respeito.
Terreiros queimados, filhos de santo agredidos, sacerdotes desrespeitados, projetos de lei que visam criminalizar práticas de culto, autoridades judiciais arraigadas a um modelo exclusivo (e judaico-cristão) de fé, compõem um ciclo de perseguição atualmente protagonizado pelos discursos de ódio promovidos e incentivados por parcela significativa das confissões evangélicas do Brasil.
Ser filho de Orixá numa sociedade que colocou em prática políticas de branqueamento físico e cultural, é do que trata o espírito dessa obra, em que a autora Priscila Cantuária examina duas realidades bem brasileiras: o racismo e a violência contra as religiões de matriz africana. Séculos de colonização, de escravização e de formulação de políticas públicas eugenistas, fundamentados de Aristóteles a Nina Rodrigues, são colocados diante de nós pelo texto da autora, que nos ajuda a compreender quem realmente somos enquanto nação e de que forma quem somos afeta violentamente a experiência religiosa dos povos tradicionais de terreiro do Brasil.