O livro de Tomaz Martins acaba nos conduzindo por um percurso esclarecedor quanto às etapas do complexo itinerário educativo proposto por Kant. Vemos que da habilidade à moralidade há um enfoque progressivo nos fins determinados de forma cada vez mais precisa e universal: na disciplina, os fins são arbitrários, deixados às circunstâncias; na prudência, são individuais; na moralidade, eles são bons, isto é, universalmente válidos. Quanto mais precisamente os fins forem determinados, mais eles são universais. Dessa maneira, a educação permite à criança aceder à habilidade, ou seja, à competência em vários domínios, à prudência para poder viver em sociedade e à moralidade para adquirir sentido de dever. O que mais o leitor tem a meditar nas páginas que se seguem é sobre o fato de a prudência, no fundo, ser um talento incerto que dá ao homem relativo domínio do futuro e o prepara para reagir a eventos circunstanciais, inusitados. No entanto, ao se fazer perceptível por meio dos exemplos, a prudência revela grande potencial pedagógico; não pode ser aprendida como se aprende ciência, mas deve ser adquirida por cada educando de acordo com uma experiência singular. Por isso mesmo, seu aprendizado é um desafio.

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