A chave desta História das diversões no Oeste de Minas Gerais está em seu segundo capítulo, que trata do lazer na cidade de Cláudio. Ali os autores, inclusos os organizadores, aludem a “uma atividade quase arqueológica”, dito que pode ser estendido ao livro, que possui uma unidade em sua variedade de elementos e abordagens.

Aqui a “arqueologia” é quase uma metáfora, se pela noção mais estrita do conceito, do etimológico estudo das coisas ao stricto sensu das escavações e da cultura material. Não há exatamente resquícios importantes de circos, teatros e espetáculos teatrais, clubes, bandas, botequins e tabernas, bilhares, festas religiosas ou cívicas, bailes e festas domésticas ou carnavalescas, cinemas, fantoches e ilusionismo, ou ainda do futebol em Divinópolis e das improváveis touradas.

A variedade inebriante do parágrafo acima, que nesta apresentação ganha o aspecto maçante de um rol, é trilha aberta para um mundo desconhecido à maioria de nós. Caleidoscópio que vivifica a instigação da dita arqueologia. Pela qual se destaca a dimensão que se dá à cultura, livrando-a do fado de ser uma “viúva da estética”. Buscando o sentido da ludicidade e da fruição como experiência estética, para além do mundo cotidiano, num cadinho de fontes que reúne, fortemente, a imprensa, além da fotografia, dados bem agregados econômicos, sociais e demográficos da região, em sua dinâmica e limitações.

Wlamir Silva

Professor Associado da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)

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