As imagens de Carolina Peres solicitam a experiência de uma contemplação que seja intempestiva; convidam a que voltemos a contemplar, a ter a experiência de não saber o que vemos. E como também a escrita de Carolina Peres convida a essa experiência de uma contemplação que seja intempestiva, cada abordagem deste livro pode transportar a uma dupla recuperação: a do olhar e a da leitura perdidos. “Imagem-experiência” é uma oferenda para um ato sacrificial no qual nossos modos de olhar e de ler habituais são postos em suspenso e, depois de um tempo variável de espera, ativam-se de novo, mas agora elevados à sua própria potência. E essa potência é a capacidade de invenção, o gérmen do processo vital de toda imagem. Porque agora sim, graças a Simondon, podemos dizer: a imagem é um ser vivo e, como tal, pode ser estabelecido seu ciclo vital. Cada imagem de Carolina Peres convoca tanto o ciclo que pulsa em cada imagem, como a sua condição poiética germinativa. Quem souber atender a essa condição, haverá recuperado para si um pouco de sua própria condição germinativa e de sua própria capacidade de invenção. Certamente, a mera possibilidade de tais dons exige não se demorar demasiado nesta apresentação e adentrar-se, o quanto antes, nas páginas desta “imagem-experiência” que aqui se nos anuncia. (Gonzalo Aguirre)

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