O Tabaréu é o indivíduo que, tendo herdado e mantido os hábitos de miscigenação entre indígenas, judeus, afros e ciganos, ainda vive no tabuleiro – região propícia ao sedentarismo –, em razão das características da flora e dos mananciais. A identificação como Tabaréu é uma forma discriminatória e pejorativa de tratar aqueles que habitam fora do litoral, dos centros urbanizados, e fazem uso de termos coloquiais. Assim como o Tapúya Payayá, grupo indígena que ocupava os sertões da Bahia, o tabaréu foi distinguido por seus hábitos e vivência tornando-se caricatura regional. O presente texto tem como objetivo analisar a memória dos habitantes de parte do atual Município de Feira de Santana e arredores, especialmente as cidades de Tanquinho e Santa Bárbara, localizadas no estado da Bahia. Essa região e territórios contíguos, eventualmente abrangidos pela pesquisa, serão denominados de tabuleiro feirense, e o indivíduo que o ocupa identificado como tabaréu, tendo em vista a forma como os sertanejos dessa região são reconhecidos. Propõe-se, aqui, conhecer o cotidiano do tabaréu, por intermédio de suas memórias, e analisar se, ao longo da sua vivência, se constituíram como um grupo social e elaboraram uma memória coletiva própria sobre suas condições de trabalho, subsistência e lazer. A investigação teve como fonte principal 12 depoimentos cedidos por moradores da zona urbana e rural, nos municípios acima referidos, na faixa etária entre 53 e 93 anos.

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