Ni perdón, Nem esquecimento: ditadura militar na história e na literatura brasileira e argentina

Ni perdón, Nem esquecimento: ditadura militar na história e na literatura brasileira e argentina

Autor: Marca: Dialética Referência: 9786525203430

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Descrição

Ni perdón, Nem esquecimento: ditadura militar na história e na literatura brasileira e argentina, configurou-se em um estudo que abrangeu a disciplina de Literatura no Ensino Médio, na qual obra de ficção avulta-se como modelo por excelência da leitura, uma vez que, segundo Zilberman (1984), ela é: "[...] uma imagem simbólica do mundo que se deseja conhecer e ela nunca se dá de maneira completa e fechada. Pelo contrário, sua estrutura, marcada pelos vazios e pelo inacabamento das situações e figuras propostas, reclama a intervenção de um leitor, o qual preenche essas lacunas, dando vida ao mundo formulado pelo escritor.

Deste modo, à tarefa de deciframento se implanta outra: a de preenchimento, executada particularmente por cada leitor, imiscuindo suas vivências e imaginação. " (p. 19). Nesse ínterim, é possível estabelecer uma relação interdisciplinar entre os componentes curriculares de Literatura e de História, no Ensino Médio, cuja aproximação vem ao encontro das aprendizagens por parte dos educandos. Isso posto, corrobora-se que um dos diálogos mais consistentes que vêm se estabelecendo no campo teórico das ciências humanas é entre Literatura e História e, a partir da aproximação desses dois campos do saber, o literário e o histórico, os avanços teóricos e conceituais construídos propiciam outras perspectivas para representar a realidade. Desse modo, não se pode omitir, que tanto como o componente curricular de Literatura, o de História também condensa o imaginário social.

Assim, História e Literatura reconduzem o seu olhar sobre a história do país, por exemplo. A primeira enfoca as ocorrências históricas, enquanto a segunda, a partir da ficção, traz esses acontecimentos à luz do imaginário, da sensibilidade, da emoção. Assim, salienta-se que é de suma importância que existam trocas e compartilhamentos entre os conteúdos aplicados na escola nos diferentes componentes curriculares. Se isso acontecer, o estudante não estará aprendendo de forma fragmentada, mas sim relacionará suas aprendizagens e construirá o seu saber. Assim, acentua-se que as disciplinas de Literatura e de História, no Ensino Médio, poderão ser articuladas conjuntamente, cada uma expressando o seu olhar. Dessa forma, o presente estudo é de suma importância, uma vez que busca, alicerçado à literatura teórica, verificar como se registra no ambiente escolar, as aprendizagens de Literatura. A Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio (2016) salienta "Importa despertar no jovem o interesse pela leitura literária, possibilitar a descoberta de modos de ser tocado por um texto, escrito, às vezes, há tanto tempo, mas que evoca questões e novos olhares para o presente". (p. 508).

Nesse viés, a história presente na conjuntura da ditadura militar argentina e brasileira é contextualizada dentro de seu contexto histórico, e esse é apresentado na leitura literária, nas aulas de Literatura, trazendo as aproximações e diferenças desse mesmo tema, na história e na ficção. Uma vez que História e Literatura se aproximam, torna-se possível compreender a Literatura também por meio da História. Tanto a primeira quanto a segunda, não se estabelecem sem o contato com a sociedade, com a cultura e com a história.

Dessarte, a Literatura também pode dar préstimo aos estudos historiográficos, posto que a conexão e a logicidade do texto literário podem assistir o historiador para que ele perceba o que ainda não viu, de forma que a Literatura, graças a sua pluridiscursividade, possa trazer-lhe novos significados e interpretações ao seu objeto de pesquisa. Linda Rutsom (1991), por exemplo, menciona que "parece haver um novo desejo de pensar historicamente, é pensar crítica e contextualmente". (p. 121). Na contemporaneidade, já não é possível ignorar os fatos do passado histórico, sem pensar nas implicações destes para o presente histórico.

A literatura, então, corrobora com a hipótese desenvolvida por mim no início desta investigação, de que, se os estudantes do Ensino Médio possuem uma definição clara do componente curricular de Literatura, perceberão em seu conteúdo a intertextualidade existente com o componente curricular de História. Assim, como aplicação de um produto a partir do estudo realizado, escolhi o conto Esa Mujer, de Rodolfo Ualchi, em que os protagonistas delineiam um conjunto de sentidos agrupados por um imaginário bastante coeso em relação ao período da Ditadura Militar Argentina, cuja narrativa orbita em um modo de significação de uma experiência de liderança política, em um determinado momento histórico daquele país. Significados díspares agregam-se à imagem de "Esa Mujer", ultrapassando as fronteiras políticas/históricas para se arvorarem a um todo independente, em uma mensagem capaz de significados de determinado período da história da Argentina. Esse roteiro de leitura visou aprimorar ainda mais as aulas de Literatura, contribuindo para o prazer na prática leitora, tanto para a condição do desenvolvimento da criticidade, da capacidade de posicionar-se frente à realidade, de interagir com o outro nas relações sociais, de apresentar e defender ideias, de apropriar-se criticamente dos conhecimentos, quanto como propriedade fundamental na interlocução autor-texto-leitor, para uma construção de sentidos pertinentes e consistentes, fundamentais na transformação do homem e do mundo.

Além da aplicação desse roteiro de leitura, um outro, sobre o conto "A Mancha", de Luis Fernando Verissimo, foi elaborado. Com o estudo realizado, comprova-se a possibilidade de se estabelecer uma relação interdisciplinar entre os componentes curriculares de Literatura e de História, no Ensino Médio, e que essa aproximação vem ao encontro das aprendizagens por parte dos educandos. Dessa forma, a compreensão de que a literatura é, além de um fenômeno estético, uma manifestação cultural, portanto, uma possibilidade de registro do movimento que realiza o homem na sua historicidade, seus anseios e suas visões do mundo, tem permitido ao historiador frequentá-la como espaço de pesquisa. Mesmo que os literatos a tenham sempre produzido sem um compromisso com a verdade dos fatos, construindo um mundo singular que se contrapõe ao mundo real, é inegável que, por meio dos textos artísticos, a imaginação produz imagens, e o leitor, no momento em que, pelo ato de ler, recupera tais imagens, encontra uma outra forma de ler os acontecimentos constitutivos da realidade que motiva a arte literária. Assim, diante da amplitude das relações entre Literatura e História, este estudo concentrou-se nas estratégias utilizadas pelos narradores de uma narrativa literária em relação a um fato histórico: a ditadura militar, na constituição de seus discursos. Com efeito, além de aproximarem seus textos em sua temática, essa relação também é elemento que se presta a confirmar a ideia de que a realidade exterior é transformada quando ingressa em um universo discursivo. Transformações essas, que decorrem do processo pelo qual passa o material histórico ao atravessar a consciência dos autores e, portanto, reaparecer impregnado de suas subjetividades e, também, da necessidade de o real ser traduzido em linguagem, instância que obriga o criador a selecionar e organizar as informações e se utilizar da mesma matéria-prima, a palavra, que carrega consigo o estatuto de polissemia, comum à escrita ficcional e à escrita literária.

Eva Accorsi.



Características

  • Ano: 2021
  • Autor: Eva Accorsi
  • Selo: Dialética
  • ISBN: 9786525203430
  • Nº de Páginas: 220
  • Capa: Flexível


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Ni perdón, Nem esquecimento: ditadura militar na história e na literatura brasileira e argentina, configurou-se em um estudo que abrangeu a disciplina de Literatura no Ensino Médio, na qual obra de ficção avulta-se como modelo por excelência da leitura, uma vez que, segundo Zilberman (1984), ela é: "[...] uma imagem simbólica do mundo que se deseja conhecer e ela nunca se dá de maneira completa e fechada. Pelo contrário, sua estrutura, marcada pelos vazios e pelo inacabamento das situações e figuras propostas, reclama a intervenção de um leitor, o qual preenche essas lacunas, dando vida ao mundo formulado pelo escritor.

Deste modo, à tarefa de deciframento se implanta outra: a de preenchimento, executada particularmente por cada leitor, imiscuindo suas vivências e imaginação. " (p. 19). Nesse ínterim, é possível estabelecer uma relação interdisciplinar entre os componentes curriculares de Literatura e de História, no Ensino Médio, cuja aproximação vem ao encontro das aprendizagens por parte dos educandos. Isso posto, corrobora-se que um dos diálogos mais consistentes que vêm se estabelecendo no campo teórico das ciências humanas é entre Literatura e História e, a partir da aproximação desses dois campos do saber, o literário e o histórico, os avanços teóricos e conceituais construídos propiciam outras perspectivas para representar a realidade. Desse modo, não se pode omitir, que tanto como o componente curricular de Literatura, o de História também condensa o imaginário social.

Assim, História e Literatura reconduzem o seu olhar sobre a história do país, por exemplo. A primeira enfoca as ocorrências históricas, enquanto a segunda, a partir da ficção, traz esses acontecimentos à luz do imaginário, da sensibilidade, da emoção. Assim, salienta-se que é de suma importância que existam trocas e compartilhamentos entre os conteúdos aplicados na escola nos diferentes componentes curriculares. Se isso acontecer, o estudante não estará aprendendo de forma fragmentada, mas sim relacionará suas aprendizagens e construirá o seu saber. Assim, acentua-se que as disciplinas de Literatura e de História, no Ensino Médio, poderão ser articuladas conjuntamente, cada uma expressando o seu olhar. Dessa forma, o presente estudo é de suma importância, uma vez que busca, alicerçado à literatura teórica, verificar como se registra no ambiente escolar, as aprendizagens de Literatura. A Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio (2016) salienta "Importa despertar no jovem o interesse pela leitura literária, possibilitar a descoberta de modos de ser tocado por um texto, escrito, às vezes, há tanto tempo, mas que evoca questões e novos olhares para o presente". (p. 508).

Nesse viés, a história presente na conjuntura da ditadura militar argentina e brasileira é contextualizada dentro de seu contexto histórico, e esse é apresentado na leitura literária, nas aulas de Literatura, trazendo as aproximações e diferenças desse mesmo tema, na história e na ficção. Uma vez que História e Literatura se aproximam, torna-se possível compreender a Literatura também por meio da História. Tanto a primeira quanto a segunda, não se estabelecem sem o contato com a sociedade, com a cultura e com a história.

Dessarte, a Literatura também pode dar préstimo aos estudos historiográficos, posto que a conexão e a logicidade do texto literário podem assistir o historiador para que ele perceba o que ainda não viu, de forma que a Literatura, graças a sua pluridiscursividade, possa trazer-lhe novos significados e interpretações ao seu objeto de pesquisa. Linda Rutsom (1991), por exemplo, menciona que "parece haver um novo desejo de pensar historicamente, é pensar crítica e contextualmente". (p. 121). Na contemporaneidade, já não é possível ignorar os fatos do passado histórico, sem pensar nas implicações destes para o presente histórico.

A literatura, então, corrobora com a hipótese desenvolvida por mim no início desta investigação, de que, se os estudantes do Ensino Médio possuem uma definição clara do componente curricular de Literatura, perceberão em seu conteúdo a intertextualidade existente com o componente curricular de História. Assim, como aplicação de um produto a partir do estudo realizado, escolhi o conto Esa Mujer, de Rodolfo Ualchi, em que os protagonistas delineiam um conjunto de sentidos agrupados por um imaginário bastante coeso em relação ao período da Ditadura Militar Argentina, cuja narrativa orbita em um modo de significação de uma experiência de liderança política, em um determinado momento histórico daquele país. Significados díspares agregam-se à imagem de "Esa Mujer", ultrapassando as fronteiras políticas/históricas para se arvorarem a um todo independente, em uma mensagem capaz de significados de determinado período da história da Argentina. Esse roteiro de leitura visou aprimorar ainda mais as aulas de Literatura, contribuindo para o prazer na prática leitora, tanto para a condição do desenvolvimento da criticidade, da capacidade de posicionar-se frente à realidade, de interagir com o outro nas relações sociais, de apresentar e defender ideias, de apropriar-se criticamente dos conhecimentos, quanto como propriedade fundamental na interlocução autor-texto-leitor, para uma construção de sentidos pertinentes e consistentes, fundamentais na transformação do homem e do mundo.

Além da aplicação desse roteiro de leitura, um outro, sobre o conto "A Mancha", de Luis Fernando Verissimo, foi elaborado. Com o estudo realizado, comprova-se a possibilidade de se estabelecer uma relação interdisciplinar entre os componentes curriculares de Literatura e de História, no Ensino Médio, e que essa aproximação vem ao encontro das aprendizagens por parte dos educandos. Dessa forma, a compreensão de que a literatura é, além de um fenômeno estético, uma manifestação cultural, portanto, uma possibilidade de registro do movimento que realiza o homem na sua historicidade, seus anseios e suas visões do mundo, tem permitido ao historiador frequentá-la como espaço de pesquisa. Mesmo que os literatos a tenham sempre produzido sem um compromisso com a verdade dos fatos, construindo um mundo singular que se contrapõe ao mundo real, é inegável que, por meio dos textos artísticos, a imaginação produz imagens, e o leitor, no momento em que, pelo ato de ler, recupera tais imagens, encontra uma outra forma de ler os acontecimentos constitutivos da realidade que motiva a arte literária. Assim, diante da amplitude das relações entre Literatura e História, este estudo concentrou-se nas estratégias utilizadas pelos narradores de uma narrativa literária em relação a um fato histórico: a ditadura militar, na constituição de seus discursos. Com efeito, além de aproximarem seus textos em sua temática, essa relação também é elemento que se presta a confirmar a ideia de que a realidade exterior é transformada quando ingressa em um universo discursivo. Transformações essas, que decorrem do processo pelo qual passa o material histórico ao atravessar a consciência dos autores e, portanto, reaparecer impregnado de suas subjetividades e, também, da necessidade de o real ser traduzido em linguagem, instância que obriga o criador a selecionar e organizar as informações e se utilizar da mesma matéria-prima, a palavra, que carrega consigo o estatuto de polissemia, comum à escrita ficcional e à escrita literária.

Eva Accorsi.

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  • Autor: Eva Accorsi
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  • ISBN: 9786525203430
  • Nº de Páginas: 220
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