O interesse pelo tema proposto partiu primordialmente das variadas queixas, sintomas e demandas com relação à maternidade e seus desdobramentos, que chegaram através da analisandas mulheres ao meu consultório particular. Este livro, resultado da minha dissertação de mestrado, pretende fazer uma reflexão sobre as diferentes maneiras como as mulheres que chegam à clínica lidam com a maternidade e com as formas como esta incide na relação mãe-filha.

Para tanto, parti do fato de que o nascimento de um filho pode desencadear importantes transformações na natureza de uma mulher, como destaca FREUD: “sob a influência da transformação da mulher em mãe, pode ser revivida uma identificação com sua própria mãe, contra a qual ela vinha batalhando até a época do casamentos” (FREUD [1933]1996, p. 132). Muitas podem ser, portanto, as questões subjetivas que emergem no momento em que uma mulher depara-se com a maternidade e suas implicações. Assim sendo, o que pode dizer a práxis psicanalítica sobre as mulheres considerando sua condição de filhas e sua possível condição de mães?

Na trilha da resposta a tal questionamento, o contexto de investigação, ancorado na prática clínica, contemplou o percurso feminino de constituição subjetiva – em que foram utilizados os principais conceitos da teoria pulsional nas obras de Freud e Lacan – e as mudanças no contexto social atual que podem incidir sobre o desejo inconsciente e, consequentemente, sobre as escolhas das mulheres.

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