Em uma Veneza marcada por um passado glorioso e um presente ameaçado pela ausência de vida local, esta pesquisa propõe um reexame da cidade sob uma nova ótica: a de uma simbiose entre natureza e urbanismo. Ao longo do século passado, enquanto Veneza perdia sua essência para o turismo e o esvaziamento populacional, a natureza, antes subjugada, começa a retomar seu território. Esta obra defende uma “nova utopia” em que a cidade e a Lagoa veneziana possam coexistir de forma harmoniosa, como no imaginário dos povos originários da Amazônia.

Inspirando-se na “arqueologia do saber” de Michel Foucault, o estudo resgata representações de “Utopia” e “Selva” para entender como esses conceitos se transformaram ao longo do tempo. A pesquisa se divide em quatro capítulos principais: “A Utopia através do Tempo” e “O Imaginário da Selva” exploram essas ideias em um contexto histórico e conceitual, enquanto “Amazônia Ribeirinha” e “Veneza Selvagem” analisam, respectivamente, as regiões da Amazônia e de Veneza como exemplos vivos de coexistência homem-natureza.

Em sua análise prática, a obra foca a ilha de Torcello, uma das áreas menos exploradas da Laguna de Veneza, propondo ali um projeto arquitetônico simbólico: uma torre de madeira que evoca a simbiose com a natureza. Este monumento busca refletir uma nova forma de habitar a Lagoa, um emblema de integração com o meio ambiente, respeitando a história e os ecossistemas locais.

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